Introdução
Depressão é um transtorno incompreendido por muitos, por não ser possível identifica-la em nenhum exame laboratorial. É uma doença grave e incapacitante. Uma pessoa deprimida tem prejuízos nos seus relacionamentos sociais, familiares, acadêmicos e profissionais. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, a Depressão é a segunda maior causa de incapacidade em países desenvolvidos, e nos países em desenvolvimento estima-se que será a primeira causa já em 2020. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que o Brasil é o país em desenvolvimento com maior índice de Depressão. Um estudo recente, chamado “São Paulo Megacity” (da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP), avaliou transtornos psiquiátricos na cidade de São Paulo, entrevistando 5.037 pessoas, com resultados apontando índices de depressão na cidade comparáveis aos de áreas de guerra no Líbano e na Síria, atingindo 2,2 milhões, ou 11% dos cerca de 20 milhões de habitantes da grande São Paulo. A Depressão é mais comum em mulheres, mas também é muito frequente em homens, podendo ser diagnosticada em todas as idades inclusive na infância e adolescência.
Sintomas frequentes
A depressão é diferente da mera tristeza, pois abrange um processo mais profundo e debilitante, envolvendo grande sensação de angústia, mal estar e ideias pessimistas sobre tudo. Geralmente há falta de interesse e de vitalidade, sente-se sempre cansado e sem forças. Tudo lhe parece árduo, doloroso, pesado e difícil. Por vezes a concentração está prejudicada em quadros depressivos, e o sentimento de culpa e inutilidade podem estar presentes. Há comumente alteração do padrão de sono e apetite, seja para mais ou para menos, gerando grave acometimento da qualidade de vida do paciente.
Causas
Não existe uma única causa para a Depressão. Atualmente, entende-se que a causa e na verdade uma combinação de fatores genéticos, químicos, biológicos, psicológicos, sociais e ambientais que, juntos, contribuem para este transtorno.
Diagnóstico
Por ser um transtorno atrelado a muito estigma, muitas vezes o diagnóstico é realizado tardiamente, pois os sintomas tendem a ser encarados como preguiça, tristeza normal ou mesmo teimosia, dificultando a busca por ajuda. Apesar de todos os avanços na psiquiatria e na medicina sobre o entendimento dos transtornos psiquiátricos, até o momento, não existe exames laboratoriais, neurofuncionais ou de neuroimagem que permitam o diagnóstico de Depressão, sendo necessário o exame clínico e história minuciosa realizada por um médico especialista e com experiência nessa avaliação, que geralmente é o psiquiatra. Para complementar a avaliação clínica, é importante a solicitação de exames para descartar outras doenças que podem causar sintomas semelhantes ao TAB, como alterações cerebrais, tireoidianas e infecções.
Tratamento
Infelizmente ainda muitas pessoas têm medo de ir ao psiquiatra pelo estigma da especialidade. Outras acham que vão ficar dependentes do remédio ou “viciadas”. O resultado disso é que infelizmente o tratamento acaba demorando para ser iniciado, e a qualidade de vida permanece prejudicada por mais tempo. Em um tratamento psiquiátrico adequado, o psiquiatra avalia muitos aspectos da vida da pessoa para fazer o diagnóstico e para escolher se ou quais medicamentos serão necessários, quais os melhores tipos e doses apropriadas para o paciente e por quanto tempo ele precisará se tratar. Com medicações adequadas, utilizadas durante o período certo prescrito pelo psiquiatra, com com avaliações frequentes pelo psiquiatra, é possível realmente tratar e remitir a Depressão. Se não tratada, a Depressão pode não melhorar, cronificar e se agravar. Melhores resultados são alcançados especialmente na combinação de tratamento medicamentoso e psicoterápico. A psicoterapia é efetiva no tratamento da Depressão e no alívio dos sintomas, reduzindo a chance da pessoa vir a ter Depressão novamente no futuro. Na psicoterapia, o indivíduo aprende a identificar fatores que contribuem para a doença e a lidar com eles de novas formas mais efetivas, com seus sentimentos e pensamentos, bem como desenvolvendo melhores habilidades de relacionamento interpessoal.