Introdução
Transtorno mental grave e de difícil manejo, que acomete de 1 a 2% da população em geral. O início do quadro geralmente acontece por volta da 2ª ou 3ª década de vida, sendo mais comum a instalação mais precoce em homens (entre 20 e 25 anos) do que em mulheres, quando a abertura do quadro tende a ser mais tardia (entre os 25 e 30 anos).
Sintomas frequentes
Os primeiros sintomas – ou pródromos – da Esquizofrenia são caracterizados por alterações da percepção de objetos e sentimentos de que algo de estranho está acontecendo, mas que o sujeito acometido não sabe ao certo o que é. Geralmente evolui para quadros nos quais o paciente passa a apresentar delírios – alterações no juízo da realidade à sua volta – podendo pensar ser outra pessoa, ser superior ou mais capaz do que os outros, sentir-se portador de mensagens especiais, ou ter a certeza de que outros indivíduos possam estar observando o paciente, e atuando contra ele, no intuito de prejudicá-lo. Alucinações auditivas (como ouvir vozes que conversam entre si ou comandam o paciente a fazer algo) e visuais (como ver pessoas ou objetos que fazem parte do repertório delirante do paciente) podem ser comuns nessa etapa do desenvolvimento da doença, e geralmente estão atrelados aos delírios. Com o passar do tempo, o transtorno pode evoluir para um estágio em que o paciente perde a vontade de interagir com as demais pessoas, não compreendendo o que elas estão falando, podendo chegar ao extremo do paciente perder totalmente sua capacidade de socialização. Associado às perdas do convívio social, muitas vezes também acaba acontecendo perda das habilidades cognitivas, de forma que atividades simples, como higiene diária e cuidado com o ambiente onde habita, podem ser abandonados, nos casos mais graves.
Causas
O modelo mais aceito hoje cientificamente inclui fatores genéticos e ambientais, em proporção de igualdade de importância. Apesar de teórico, ainda não é a conclusão definitiva sobre a origem da doença. Evidências científicas para esse modelo são estudos com gêmeos idênticos (possuem DNA igual), que revelaram concordância de apenas 50% no diagnóstico de esquizofrenia, ou seja, quando um dos gêmeos desenvolve a doença, o outro também adoece em 50% dos casos. Esse modelo prevê que um indivíduo somente desenvolverá esquizofrenia se houver, tanto uma herança genética quanto fatores ambientais de risco suficientemente capazes de torná-lo biologicamente vulnerável para o transtorno. Por exemplo, indivíduos com maior carga genética (maior número de genes que possam desencadear esquizofrenia) podem adoecer com estresses ambientais menos frequentes ou mais brandos do que os individuos portadores de menor carga genética, que necessitariam de uma sobrecarga ambiental mais intensa para propiciar a instalação do quadro.
Diagnóstico
O diagnóstico da Esquizofrenia deve ser realizado pelo médico psiquiatra. Como sintomas-alvo, são buscadas alterações de percepção dos objetos, alterações de juízo de realidade – caracterizadas por pensamentos delirantes, não compartilhados com as pessoas ao redor, e alterações sensoperceptivas, ou seja, alucinações – que geralmente na Esquizofrenia podem ser do tipo auditiva (quando o paciente escuta vozes que o comandam fazer alguma atividade, ou conversam entre si) e visuais (quando enxerga objetos ou pessoas que tem uma implicação na sua capacidade de julgar o ambiente ao redor).
Tratamento
Se iniciado tratamento precocemente, muitos dos prejuízos – sociais e cognitivos – podem ser evitados, garantindo-se a reinserção social adequada dos pacientes, que muitas vezes podem continuar a manter suas atividades laborais e sociais. O Tratamento da Esquizofrenia se baseia em duas vertentes: farmacológica e não farmacológica. A terapia farmacológica envolve a administração de medicamentos da classe dos antipsicóticos. A escolha do medicamento é realizada individualmente pelo psiquiatra, que deve avaliar qual o perfil mais apropriado para cada paciente e a dosagem necessária. Como adjuvante importante, tratamentos não farmacológicos mais eficazes para a Esquizofrenia são as psicoterapias – sejam elas da linha Psicodinâmica ou Comportamental – e outras abordagens como a Reabilitação Cognitiva (com jogos de raciocínio, por exemplo), Terapia Ocupacional, Terapia Artística, entre outros. Em casos de gravidade, pode ser necessária a internação do paciente, como medida de cuidado quando há risco de auto ou heteroagressividade pelo paciente, ou quando ele oferecer risco às pessoas próximas do cuidado do paciente. Pelo fato do transtorno na grande maioria das vezes envolver também a família, que é geralmente a principal cuidadora do pacinete, a psicoeducação – ensino ao paciente e à família sobre o que é o transtorno e seu tratamento – é parte importante da intervenção do psiquiatra e dos terapeutas.